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BLOGS E COLUNAS

O Marmanjo que Não Roubava Livros

26/04/2024 13h22

Esta semana, devido a um furto ocorrido no Sebo Paixão de Ler, lembrei-me de um livro que li anos atrás. Escrito por Markus Zusak, “A Menina que Roubava Livros” se passa na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Em um cenário de caos e opressão, Liesel Meminger é quem furta livros de diversos lugares, incluindo da biblioteca da prefeitura de sua cidade e das pilhas de livros deixados em locais onde os nazistas queimavam livros considerados “não apropriados”.


A garotinha Liesel ‘roubava’ livros porque tinha um desejo insaciável de aprender, encontrar conforto e conhecimento nas palavras, pois considerava os livros uma grande fonte de riqueza.

Mas voltando ao furto ocorrido no sebo que me inspirou a escrever esta crônica, em alusão ao livro “A Menina que Roubava Livros”, vou chamar o triste caso de “O Marmanjo que Não Roubava Livros”.

Isso porque o ladrão quebrou a porta de vidro, invadiu o estabelecimento e ignorou completamente a maior riqueza que existe lá dentro: os livros.


Levou duas CPUs, que, é claro, têm muito valor para a dona do estabelecimento por causa das informações contidas em sua memória. Mas para o larápio pouco valiam, pois certamente trocou-as por algumas pedras de crack que só serviram para destruir os poucos neurônios que ainda lhe restam.

Seria exagero de minha parte imaginar que um indivíduo que invade prédios na calada da madrugada fosse ‘roubar’ livros em um sebo apenas para satisfazer seu vício pela leitura.


De qualquer modo, esse caso serviu para confirmar minha crença de que quem não lê é portador de uma espécie de cegueira para as verdadeiras belezas e riquezas da vida.


Embora os livros comercializados naquele estabelecimento tivessem mais valor financeiro que as CPUs, coisa que “O Marmanjo que Não Roubava Livros” não teve a capacidade de pensar, a mais importante riqueza estava contida nos ensinamentos dos muitos exemplares que ele sequer olhou; pois provavelmente ele nunca quis ou não teve a oportunidade de ler um único livro em sua vida.

O furto do sebo nos ensinou uma lição crucial: se desejamos uma sociedade pacífica e esclarecida, escolas, pais e todos que reconhecem o poder dos livros devem empenhar-se em incentivar o hábito da leitura desde cedo.

É mais promissora a sociedade em que as pessoas são viciadas em conhecimento, seguindo o exemplo de Liesel Meminger, “A Menina que Roubava Livros”, do que uma sociedade onde prevalece o conformismo com a ignorância, os vícios em drogas ilícitas, o que pode levar as pessoas para o caminho do crime e a uma cegueira para as verdadeiras riquezas da vida, como demonstrado pelo homem que “roubou” o Sebo Paixão de Ler, mais conhecido agora pelo apelido de “O Marmanjo que Não Roubava Livros”.



MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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