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BLOGS E COLUNAS

O lobo entrou outra vez

08/07/2025 17h50

Hoje, no interior do Rio Grande do Sul, mais uma criança foi morta dentro de uma escola. Sim, morta. Dentro de uma escola – esse lugar que deveria ser, depois do ventre materno, o espaço mais seguro para uma criança.


Mas o portão estava desprotegido. E o lobo entrou.


Sou policial municipal em Tubarão, Santa Catarina. Todos os dias, ao lado de colegas, caminhamos pelos arredores das escolas como quem vigia ninhos durante a tempestade.


O projeto Escola Segura nasceu após a tragédia de Blumenau, em 2023 – quando um homem invadiu uma creche e ceifou a vida de crianças que mal tinham aprendido a falar.


Naquele dia, anjos tombaram no chão frio. E o Brasil chorou.


O trauma silenciou salas de aula por semanas. Algumas ações foram tomadas. Outras, infelizmente, ainda seguem paralisadas nas engrenagens lentas da burocracia, onde a dor alheia se transforma em papel, carimbo e protocolo.


Recentemente, durante uma ronda escolar, conversei com uma diretora sobre a repetição desses episódios. Suas palavras foram claras:


“As rondas são importantes, mas não bastam. Precisamos de proteção integral. Um ambiente com muros altos. Um vigia no portão de cada escola. Um olhar atento no perímetro.”


Concordei e acrescentei:


“A tragédia de Blumenau não pode virar estatística esquecida. A morte daquelas crianças precisa ser cicatriz visível, incômoda, eterna, para que jamais se repita.”


Mas hoje, a cicatriz se reabriu.


E sangrou.


Em Estação, uma cidade pequena, um adolescente armado invadiu uma escola, matou uma criança e feriu outras.


E, mais uma vez, ecoa no peito de todos nós, pais e mães, a mesma pergunta angustiante:


O que posso fazer para proteger o meu filho?


Orar? Pedir a Deus? Claro. Mas confesso que me constrange pedir só por meu filho. Nenhuma criança é “outra”. Todas têm nome, colo, brinquedo preferido. Todas são, de algum modo, nossos filhos.


Foi então que compreendi: proteger os nossos filhos não é apenas um ato de fé – é um dever.


Então, governantes, usem com justiça e prioridade os recursos do povo. Ergam muros de proteção ao redor das nossas crianças. 


Porque os lobos existem – e conhecem muito bem o caminho até os portões desprotegidos.


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MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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