Hoje, no interior do Rio Grande do Sul, mais uma criança foi morta dentro de uma escola. Sim, morta. Dentro de uma escola – esse lugar que deveria ser, depois do ventre materno, o espaço mais seguro para uma criança.
Mas o portão estava desprotegido. E o lobo entrou.
Sou policial municipal em Tubarão, Santa Catarina. Todos os dias, ao lado de colegas, caminhamos pelos arredores das escolas como quem vigia ninhos durante a tempestade.
O projeto Escola Segura nasceu após a tragédia de Blumenau, em 2023 – quando um homem invadiu uma creche e ceifou a vida de crianças que mal tinham aprendido a falar.
Naquele dia, anjos tombaram no chão frio. E o Brasil chorou.
O trauma silenciou salas de aula por semanas. Algumas ações foram tomadas. Outras, infelizmente, ainda seguem paralisadas nas engrenagens lentas da burocracia, onde a dor alheia se transforma em papel, carimbo e protocolo.
Recentemente, durante uma ronda escolar, conversei com uma diretora sobre a repetição desses episódios. Suas palavras foram claras:
“As rondas são importantes, mas não bastam. Precisamos de proteção integral. Um ambiente com muros altos. Um vigia no portão de cada escola. Um olhar atento no perímetro.”
Concordei e acrescentei:
“A tragédia de Blumenau não pode virar estatística esquecida. A morte daquelas crianças precisa ser cicatriz visível, incômoda, eterna, para que jamais se repita.”
Mas hoje, a cicatriz se reabriu.
E sangrou.
Em Estação, uma cidade pequena, um adolescente armado invadiu uma escola, matou uma criança e feriu outras.
E, mais uma vez, ecoa no peito de todos nós, pais e mães, a mesma pergunta angustiante:
O que posso fazer para proteger o meu filho?
Orar? Pedir a Deus? Claro. Mas confesso que me constrange pedir só por meu filho. Nenhuma criança é “outra”. Todas têm nome, colo, brinquedo preferido. Todas são, de algum modo, nossos filhos.
Foi então que compreendi: proteger os nossos filhos não é apenas um ato de fé – é um dever.
Então, governantes, usem com justiça e prioridade os recursos do povo. Ergam muros de proteção ao redor das nossas crianças.
Porque os lobos existem – e conhecem muito bem o caminho até os portões desprotegidos.
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