Recebi com tristeza a notícia do falecimento de Carlos Alberto Bernardini, o querido Parreira.
Há alguns anos, ele travava uma luta silenciosa contra os vícios. E justamente agora, quando estava internado em uma clínica, recuperando-se, limpo de álcool e drogas, veio a falecer.
Parreira era um homem inteligente, de espírito inquieto. Foi radialista e, por natureza, um crítico social aguçado. Era fã de Raul Seixas, mas certa vez me disse — com um sorriso cheio de ironia — que Raul não lhe trouxe bons exemplos. Brincou, mas havia verdade ali.
Amava o rádio como poucos. Era ouvinte fiel de todos os programas jornalísticos e informativos. Frequentemente me pedia que enviasse mensagens aos radialistas, avisando que estava “ligado” na programação.
Às vezes, gravava áudios para que eu os entregasse a eles. Todos gostavam do Parreira. Todos torciam para que ele vencesse aquela sina dolorosa de ir e vir pelos labirintos do alcoolismo.
No dia em que gravei o vídeo que acompanha esta coluna, era seu aniversário de 56 anos.
Estava feliz. Livre. Respirava fundo o ar do início da noite e agradecia a Deus por aquele sopro gratuito da vida.
Duas semanas atrás, fui visitá-lo na clínica. Não era mais o mesmo. Seus olhos estavam tristes, o sorriso ausente. Mas ao me ver, agradeceu. Apertei sua mão antes de ir. Foi o último aperto de mão.
Hoje ele parou de respirar. Partiu para outro mundo.
Segue em paz, meu amigo.
Teu sofrimento acabou.
Receba outras colunas direto em seu WhatsApp. Clique aqui.