A CPI da Covid mal começou e já deixou evidente, nos depoimentos dos ex-ministros da Saúde, aquilo que a maioria sempre desconfiou: contra a maior pandemia da nossa época, o governo apostou na estratégia genocida da imunidade de rebanho, incentivando as aglomerações, rejeitando a oferta de vacinas, divulgando tratamentos ineficazes e pondo em risco a vida de milhões de pessoas - causando a morte de quase meio milhão delas, até aqui.
A responsabilização criminal dos que determinaram e dos que colaboraram para esse genocídio é algo que esperamos que não leve muito tempo. Mas se não acontecer até as eleições, caberá a nós, eleitores, dar o devido troco a esses facínoras. Tal como os norte-americanos fizeram, ao se livrarem de Trump, precisamos também salvar o nosso país da pandemia e do pandemônio, e fazer o Brasil voltar a ser respeitado no cenário internacional.
Não será tarefa difícil. Depois de destruir a maior parte do capital político construído em 2018, somente um bom desempenho da economia poderia ajudar Bolsonaro a chegar forte nas eleições do ano que vem. Mas, com os juros subindo, os preços nas alturas, 14 milhões de desempregados e o atraso na vacinação, o que só faz capengar ainda mais a recuperação econômica, não será pela economia que o capitão irá recuperar algum prestígio.
Isso explica os discursos insistentes contra o lockdown. Bolsonaro tenta jogar a culpa pelo fracasso na economia nos governadores e prefeitos que decretaram confinamento, quando se sabe que é exatamente o contrário: países com melhor gestão da pandemia saíram mais rapidamente dela. O que ele não consegue terceirizar é a culpa pelo atraso na vacinação. Ele mandava não comprar vacinas, e seu ministro da logística obedecia bovinamente.
A vacina é o único caminho possível para acabar com a pandemia, como se pode constatar nos países em que ela já foi aplicada em massa. Lá fora nunca se discutiu tratamento precoce ou kit covid, apenas a compra de vacinas. Uma coisa é morrer de covid, outra bem diferente é morrer porque não foi vacinado. A triste realidade é que hoje os brasileiros morrem de uma doença para a qual já existe vacina. E Bolsonaro atrasou a compra delas o quanto pôde.