O percentual de famílias endividadas no país chegou a 66,5% em janeiro. Uma em cada quatro famílias estão inadimplentes, com dívidas ou contas em atraso. Uma a cada dez não terão condições de pagar suas contas, segundo a Confederação Nacional do Comércio.
O reajuste dos aluguéis, superior a 25%, foi cinco vezes maior que o reajuste do salário mínimo. A taxa de desemprego é recorde, superior a 14%. Nem precisa ir muito longe para saber que os preços dispararam: basta ir ao supermercado, ou até o posto da esquina.
Entro nesse assunto porque me assustei ao conversar com um amigo bolsonarista, neste final de semana, e ele desconhecer essa tragédia econômica que o país atravessa. Nem me refiro à desastrosa atuação de Bolsonaro na Petrobras, que a fez perder mais de R$ 100 bilhões.
O que me espantou foi ele dizer que todo mundo que ele conhece estava ganhando dinheiro com Bolsonaro, logo, na visão dele, minhas críticas ao capitão são injustas. E é verdade o que ele falou, os conhecidos dele provavelmente não têm do que reclamar.
Vários estudos de entidades internacionais mostram que os ricos ficaram mais ricos, durante a pandemia, enquanto a pobreza explodiu, mesmo nos países desenvolvidos. Passei o final de semana refletindo sobre o assunto, de como a pandemia aumentou a desigualdade.
E de como às vezes acabamos nos desconectando do mundo real, convivendo apenas com pessoas do nosso círculo, o que pode acabar nos dando uma visão distorcida e falsa da realidade. As redes sociais fazem isso o tempo todo, mas precisamos sair da bolha.
Vivemos numa cidade que tem boa qualidade de vida, um comércio forte, num Estado rico, e temos uma rede assistencial fortíssima, com instituições que fazem um trabalho de importância fundamental para diminuir a pobreza. Mas não é a realidade do país todo.
Por isso, independentemente de apoiar ou não esse governo do Jair e seu Posto Ipiranga, que parece ter ficado sem combustível, é imprescindível que nunca percamos o senso de realidade. E cobrar deles uma política econômica que não nos leve ainda mais para o abismo.