Algo está cristalizado nas pesquisas de todos os institutos: uma grande rejeição a Jair Bolsonaro. Qualquer pessoa que entenda o mínimo de política sabe muito bem que um candidato com um percentual pequeno nas pesquisas pode crescer e ganhar uma eleição. Mas quando o candidato tem contra si uma grande rejeição, isso é muito difícil de reverter. Além disso, o termo genocida colou em Bolsonaro de tal forma que em protestos é usado quase como um sobrenome: Bolsonaro genocida.
A rejeição ao PT e a Lula também não é pequena. Nisso, o ex-presidente quase se iguala ao atual. A seu favor, no entanto, tem todo um discurso pronto de vítima da Lava Jato, e de julgamento parcial de Sérgio Moro, já corroborado pela própria Justiça. Lula tem a seu favor ainda o fato de ter um grande partido, unido a seu favor, e agregando outros similares. Bolsonaro não conseguiu criar o seu próprio, e quando quer se filiar a algum esbarra na questão complicada de quem vai ter a chave do cofre.
Se os dois principais candidatos apresentam rejeições consideráveis, é fácil entender por que tanta gente procura a chamada terceira via. Muitos se apresentam como essa alternativa, alguns já desistiram, outros ainda podem se apresentar. Como essa é uma coluna de opinião, e quem a lê espera que eu dê a minha, vamos lá: acho que são três os candidatos que podem ocupar esse espaço na eleição do ano que vem – Ciro Gomes, Sérgio Moro e um do PSDB (seja ele João Doria ou Eduardo Leite).
Ciro precisa se colocar mais ao centro, porque na esquerda o espaço está ocupado, obviamente, por Lula. Sérgio Moro, se decidir ser candidato, precisará também se deslocar para o centro, porque, no caso dele, a direita já está fechada com Bolsonaro. E o candidato do PSDB naturalmente será um candidato centrista. Uma candidatura forte de centro tende a tirar Bolsonaro do segundo turno, e pode vencer o PT. Se não tiver essa terceira via, Lula tem tudo para ganhar ainda no primeiro turno.