Uma aluna de 12 anos de um colégio particular de Criciúma postou, na semana passada, um vídeo nas redes sociais no qual faz ofensas racistas contra estudantes de uma escola pública municipal, com quem sua equipe jogou um amistoso de vôlei.
No vídeo, ela zomba dos estudantes, fazendo comentários racistas sobre sua aparência e comportamento, enquanto ri com outra colega: “Pessoal do amistoso tão tipo pulando. Já são preto, ainda ficam fazendo macaquices? Aí não, né? Aí não.”
O Colégio Michel, onde as alunas estudam, pediu uma retratação formal, e o pai de uma das vítimas lamentou: “Isso é uma coisa recorrente. Esse ainda foi bem aberto. Fora o que a gente vive no cotidiano, esse racismo velado e estrutural, indireto.”
A mãe de outra vítima manifestou indignação: "O meu sentimento é um misto de dor com revolta! Pois as crianças foram jogar um amistoso na escola, não ofenderam ninguém e não fizeram nada de mal para elas. Até quando passaremos por isso?"
Os advogados que fazem a defesa das meninas alegaram que elas são crianças sendo julgadas como adultas. Verdade. No entanto, quando se trata de condenar adolescentes pobres por seus crimes, a maioria defende a redução da maioridade penal.
Em outro episódio semelhante, três universitários da PUC paulista (particular) foram filmados ofendendo estudantes negros da USP (pública), chamando-os de “pobres” e “cotistas”. Uma representação foi enviada ao Ministério Público, onde consta:
“O ato de ridicularizá-los, com referências às cotas e à pobreza, visa reforçar hierarquias raciais preexistentes. Busca-se afirmar que, mesmo em igualdade de condições, os atletas pertencem a um grupo social e racial considerado inferior e passível de desprezo.”
Esses dois casos, ocorridos em ambientes escolares, me fazem perguntar: o que estão ensinando a esses jovens? Não apenas nas escolas, mas principalmente em casa. Que exemplos os pais estão dando aos filhos? Que filhos deixarão para o mundo?
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