Amor, casamento e sexo na mesma gaveta? Quem foi que teve essa ideia genial — ou cruel? Misturar três coisas tão diferentes como se fossem uma só fórmula de sucesso é, no mínimo, perigoso. E, convenhamos, foi uma invenção cristã com pitadas generosas do capitalismo: um contrato espiritual com validade social, abençoado por Deus e registrado em cartório.
Amor é sentimento. Casamento é instituição. Sexo é impulso. E esperar que os três vivam sempre em perfeita harmonia, todos os dias, no mesmo endereço e com a mesma pessoa, é a grande fantasia que nos venderam.
Nos disseram que, se fosse verdadeiro, o amor duraria para sempre. Que, se o casamento fosse sólido, o desejo viria junto. E que, se houvesse sexo frequente, estava tudo certo. Mas não contaram que o amor pode cansar, que o casamento pode sufocar e que o sexo pode sumir sem nem deixar bilhete.
O amor pode sobreviver fora do casamento. O sexo pode florescer sem amor. E há casamentos duradouros que não têm nem amor nem sexo — apenas conveniência, rotina e um medo profundo de recomeçar.
A ideia de que devemos encontrar tudo isso — e sempre com a mesma pessoa — é um peso que ninguém dá conta de carregar sem sofrimento. Há quem passe a vida inteira tentando fazer dar certo. Outros simplesmente se acomodam. E há quem enlouqueça tentando entender por que tudo aquilo que parecia tão lindo no altar virou um quebra-cabeça impossível de montar.
Talvez a maior coragem não seja casar, mas desencaixar. Separar o que é ideal do que é real. Entender que amor pode acabar, que o casamento pode ser uma escolha temporária e que o sexo é um termômetro que nem sempre mede afeto — mas quase sempre revela distância.
Amor, casamento e sexo não precisam estar na mesma gaveta. E talvez, se não estivessem, as pessoas sentiriam menos culpa, menos frustração… e bem mais liberdade.
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