O telefone já foi sinônimo de surpresa boa.
Era o toque que acelerava o coração, o convite inesperado, a voz que atravessava quilômetros para caber inteira dentro do ouvido.
Hoje, virou armadilha.
O que antes era vida, agora é ruído.
A gente olha o visor, vê o número desconhecido e já veste a armadura da recusa. Aperta em “recusar” sem pensar duas vezes — e junto com a promoção que não pedimos, o robô insistente, a cobrança inventada, pode ir embora também a ligação que mudaria o rumo da nossa história.
A telefonia morreu de tanto abuso. Morreu de tanto golpe fantasiado de oferta. Morreu de tanto descaso com o vínculo humano.
Porque não é mais voz chamando, é sistema. Não é mais afeto, é algoritmo.
Perdemos a confiança na campainha que toca no bolso.
E talvez estejamos perdendo, junto, encontros que nunca mais voltarão.
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