Concordo muito com o Antônio Fagundes! Desde sempre, fomos proibidos de falar sobre os nossos desejos. Como se sentir prazer fosse algo ruim, ou até pecado, como se os nossos corpos fossem templos a serem silenciados, enjaulados em tabus e vergonha. O prazer sempre foi esse fantasma que circulava entre as palavras não ditas, o desejo proibido escondido em olhares rápidos, nos toques furtivos, nas conversas sussurradas.
Fagundes tem razão, e talvez a grande revolução esteja aí, na simples permissão para sentir e, mais do que isso, para falar sobre o que nos excita, nos atrai, nos move. Não é uma questão de libertinagem, mas de liberdade. Somos tão condicionados a carregar o peso da culpa no olhar, a impressão de que o prazer está fora do lugar, como se ele fosse uma roupa que não cabe ou uma palavra de um vocabulário proibido. Crescemos com a ideia de que o desejo é algo a ser velado, escondido, como se fosse um defeito, uma falha moral.
Mas, ao contrário do que nos ensinaram, o prazer não é um erro. Ele não é um castigo nem uma vingança. O prazer é uma celebração do corpo, uma resposta natural às nossas necessidades, um direito de todos. Quando aprendemos a aceitar nossos próprios desejos, a derrubar as paredes do pudor imposto, descobrimos uma verdade simples: o prazer é vida. Sem ele, o mundo se torna monótono, árido, sem cor.
A nossa sociedade, por muito tempo, tratou o desejo como algo que deveria ser mantido em segredo, como se falar sobre ele fosse um convite para o caos. O prazer sexual, então, sempre foi o tabu dentro do tabu. Falar disso abertamente era sinônimo de imoralidade, e qualquer tentativa de desbravar esse território parecia uma travessura de quem não tinha juízo. E foi assim, com o silêncio e com o peso do julgamento, que nossa sexualidade foi sendo reprimida. Ficamos privados da possibilidade de explorar nossos próprios limites, de compreender os contornos do nosso corpo, do que ele é capaz de sentir.
Mas a verdade é que o prazer não é apenas um ato físico. Ele é emocional, é psicológico, é a liberdade de se conhecer e se aceitar, de se permitir o toque, a troca, a entrega. É não se prender àquilo que nos ensinaram a temer. E, ao falar sobre isso, ao exorcizar o medo que o silêncio sempre trouxe, começamos a entender que o prazer não é o vilão da história. Ele é um aliado. Ele é a nossa maneira de nos reconectar com o que temos de mais íntimo, de mais genuíno.
A vida não precisa ser uma guerra contra nossos próprios corpos. Somos humanos, e como tal, somos feitos de desejos. O prazer não é um erro a ser apagado, mas uma jornada a ser vivida. Fagundes, ao colocar em palavras o que muita gente sente, tocou na ferida que ainda dói: é preciso parar de ter vergonha dos nossos próprios sentimentos. O desejo não deve mais ser esse segredo guardado, essa carga que carregamos sozinhos. O prazer é um direito, é um convite ao gozo da vida.
E se o prazer for pecado, então que todos nós sejamos pecadores. Porque viver com vergonha de sentir é morrer um pouco todos os dias.
Receba outras colunas direto em seu WhatsApp. Clique aqui.