Há quem ache que ignorar a dor é a melhor saída, que o tempo, sozinho, há de resolver o que ficou ferido. Mas negar o luto é como tentar esconder uma ferida aberta debaixo de um pano limpo: por fora, tudo parece sob controle, mas por dentro, a infecção cresce.
Luto não é só sobre a morte de alguém querido. É também sobre despedidas que não queríamos dar, sonhos que se perderam pelo caminho, versões de nós mesmos que deixaram de existir. Cada luto traz consigo um peso único, mas o que o torna insuportável é fingir que ele não existe.
Negar o luto é se recusar a chorar quando o coração pede lágrimas. É não dar espaço à saudade, ao vazio, ao silêncio que dói. É engolir a dor na esperança de que ela desapareça, sem perceber que, ao fazer isso, ela encontra outros caminhos: adoece o corpo, inquieta a mente, perturba o sono.
O luto, por mais doloroso que seja, é necessário. Ele nos ensina sobre despedidas inevitáveis, sobre a fragilidade do tempo e, sobretudo, sobre a força de seguir em frente. Não há cura sem enfrentamento, não há renascimento sem aceitação da perda.
Chore, sinta, lamente, grite se for preciso. Reconheça o que foi embora e permita que a dor se manifeste. Porque só quem vive o luto com coragem encontra a paz ao final do caminho. É como atravessar um túnel escuro: há medo, há solidão, mas, ao fim, há luz.
Negar o luto é adiar o processo de cura. E curar-se não significa esquecer. Significa aprender a viver com o que ficou.
Receba outras colunas direto em seu WhatsApp. Clique aqui.