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Geração de ferro

31/10/2024 15h40

Estamos presenciando um momento solene, quase poético, onde a “Geração de Ferro” lentamente se despede, abrindo caminho para a chamada “Geração Cristal”. De um lado, aqueles que enfrentaram o mundo com rigidez, que foram forjados na resistência, no sacrifício e na convicção inabalável de que as coisas se conquistam com suor e perseverança. Do outro, a geração que aprendeu a cuidar das próprias rachaduras, que é sensível ao toque e ao impacto, mas que brilha à sua maneira, refletindo nuances e sutilezas que talvez não fossem visíveis antes.


Os “ferros” enfrentaram a vida com um pragmatismo quase brutal. Esses são os que ficaram na fila, que suportaram invernos sem reclamação, que se acostumaram a adiar os sonhos em nome da sobrevivência, que muitas vezes sufocaram suas próprias dores para dar passagem à família, ao trabalho, ao dever. No entanto, em meio a essa dureza, havia uma força que inspirava, uma presença sólida que trazia segurança. Eram fortes não porque não sentissem, mas porque, de alguma forma, acreditavam que sentir era secundário. “É assim que se vive” era o lema silencioso de uma geração que suportava o peso de muitas esperas e poucas recompensas.


E então, chega a “Geração Cristal”. Eles são chamados assim porque parecem frágeis, suscetíveis a rachaduras, e muitos dizem que se quebram por tão pouco. São eles que falam de burnout, de saúde mental, de limites. O choro que os “ferros” guardaram no peito, o “cristal” traz para fora, sem culpa, sem vergonha. Cada estresse, cada pressão, tudo isso se reflete neles com intensidade. Mas talvez essa transparência seja, na verdade, uma nova forma de coragem. O “cristal” não teme ser visto em suas falhas e, ao mostrar suas fragilidades, convida os outros a também serem reais.


Assim, vemos que a “Geração de Ferro” não foi menos sensível, apenas aprendeu a resistir de outra forma. E a “Geração Cristal”, com sua transparência e sua luta por respeito ao próprio ser, não é menos forte, apenas expressa sua resistência em novas camadas. Eles falam de limites, porque entendem que o que é valioso precisa ser cuidado, e lutam por mudanças que são, muitas vezes, julgadas como “fraquezas” pela geração anterior.


O ferro está saindo de cena, não sem deixar sua marca, e o cristal está brilhando, não sem se fragmentar de vez em quando. E talvez o segredo seja esse: entre o ferro e o cristal, está a beleza do equilíbrio, o encontro de duas forças que, ao final, ensinam a mesma lição – a de que viver é resistir e brilhar ao mesmo tempo, cada um a seu modo.


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SIBÉLE CRISTINA
SIBÉLE CRISTINA
Sibéle Cristina Garcia é apresentadora do programa Mais Mulher na UniTVSC desde maio de 2008. Graduada em Pedagogia e Marketing. Pós-graduada em Sexualidade Humana e Sexologia. É especialista em Relacionamento Abusivo, comunicadora, terapeuta e encorajadora da liberdade feminina.
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