Há um ditado antigo que atravessa gerações com a simplicidade brutal da verdade: “Não se cospe no prato que se comeu.” A frase é direta, sem rodeios, e carrega consigo a nobreza da gratidão. Ainda assim, nos dias de hoje, parece que muitos se esqueceram do valor desse ensinamento.
Falar mal da empresa que, por anos, garantiu o sustento é mais do que uma atitude impensada; é uma espécie de ingratidão mascarada de desabafo. Não se trata de ignorar injustiças, desrespeitos ou ambientes tóxicos - porque esses, sim, precisam ser denunciados e corrigidos. Trata-se, antes, de entender que cada experiência, boa ou ruim, tem seu lugar na construção da nossa trajetória.
Há quem esqueça das oportunidades dadas, dos conhecimentos adquiridos e das portas abertas. Gente que, ao invés de seguir em frente com dignidade, prefere espalhar amarguras, sem perceber que cada palavra ácida diz mais sobre quem fala do que sobre quem é falado. É como se a necessidade de justificar a própria saída fosse maior que a capacidade de reconhecer o que ficou de aprendizado.
Cuspir no prato que se comeu é, sobretudo, cuspir para o alto. Porque, mais cedo ou mais tarde, a falta de lealdade cobra o seu preço. Quem garante que as portas abertas hoje não se fecharão amanhã diante de uma reputação manchada pela própria língua?
A gratidão é o caminho para a leveza. A elegância está em deixar para trás o que não cabe mais, sem a necessidade de destruir o que um dia fez sentido. E seguir, sem cuspir, sem olhar para trás com rancor. Afinal, o mundo é pequeno demais para tamanha falta de reconhecimento.
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