O sincretismo é o resultado de um conflito, diferente do termo aculturação, ou seja, é imposto por um choque entre as diferentes religiões dos negros com o catolicismo no Brasil.
Os negros incorporaram o catolicismo, onde os orixás foram associados aos santos católicos. Acabou sendo um artifício usado pelos escravos contra a "cultura superior do povo que escravizava".
O sincretismo afro-cristão foi uma maneira de os negros cultuarem seus orixás invocando os santos dos brancos para driblar a vigilância religiosa dos seus senhores. Os adeptos do culto dos orixás se mostravam convertidos, mas apenas aparentemente.
No início do século XX a pressão policial nos terreiros foi devastadora para nossa cultura. Ainda hoje encontram-se nos terreiros imagens de santos católicos (o que acho errado), mas no roncó ficam os assentamentos.
Como estudiosa do tema, o sincretismo com os santos católicos deveria ser banido de todos os terreiros para reforçar a ideia de que o candomblé não é folclore, mas religião.
Usar imagens de santos católicos nos terreiros faz parte de uma vida religiosa submissa, herança da época dos colonos, dos senhores de escravos.
Quando indaga-se ao sacerdote por que associa-se o nome de um santo com um orixá a explicação é esta, por exemplo: "O nome do orixá da justiça é Xangô na África, mas no Brasil é chamado de São Jerônimo".
Sincretismos:
Exu: diabo cristão
Ogum: São Jorge
Oxóssi: São Sebastião. Em Pernambuco é Arcanjo Miguel
Xangô: São Jerônimo (São João)
Iansã: Santa Bárbara
Oxum: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores
Obá: Joana d'Arc (Santa Catarina)
Logum: anjo Gabriel
Nanã: Santa Ana
Ibeji: São Cosme e São Damião (São Crispim e São Cipriano)
Obaluaê: São Lázaro
Ossaim: São Francisco de Assis
Oxumaré: São Bartolomeu
Ewá (ou Yewá): Santa Marta (Santa Ágata)
Iemanjá: Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora dos
Navegantes, Nossa Senhora da Piedade e Virgem Maria
Oxalá: Nosso Senhor do Bonfim, Espírito Santo, Jesus Cristo.