Após uma longa espera, longa mesmo, o mega sucesso Avatar, de 2009, e que iniciou a atual fase do 3D moderno, tal qual a conhecemos hoje em dia, e que é, até agora, a maior bilheteria de todos os tempos, ganha sua sequência, desnecessária para alguns, uma vez que a história do primeiro longa é fechada, mas certa para muitos outros, dadas as cifras arrecadadas na ocasião (2,9 bilhões de dólares!).
Com este cenário em mente, Avatar: O Caminho da Água chegou aos cinemas na última semana, e esperei de forma proposital um pouco mais para falar sobre o filme para que um maior número de pessoas já o tenham visto, uma vez que, de forma excepcional, terei que invadir, ainda que de forma sutil, o campo dos spoilers nesta crítica, o que não é meu costume. Mas, neste caso em especial, se faz necessário. Perdão.
ESPETÁCULO VISUAL
Mais uma vez capitaneado por James Cameron, este segundo Avatar traz praticamente todo o elenco da produção original, mesmo aqueles cujos personagens faleceram, como o vilão Miles Quaritch, vivido por Stephen Lang, e o retorno de Sigourney Weaver, agora em dose dupla: como a Dra. Grace Augustine, já conhecida desde 2009, e a jovem Kiri, filha adolescente do casal protagonista, adotada após a morte de sua mãe biológica, a própria Grace! Ou seja, Weaver, por meio da impressionante tecnologia da captura de movimentos, e atualmente com 73 anos, interpreta uma jovem de apenas 17!
Seguindo com o elenco, temos de volta Sam Worthington, como Jake Sully, e Zoe Saldana, mais uma vez no papel de Neytiri.
Além desta base, temos outras importantes participações, como Kate Winslet, Cliff Curtis, Jamie Flatters, dentre vários, mas aqui não revelarei seus personagens; cabe a você este exercício.
A trama se passa pouco mais de uma década após os acontecimentos do longa original, e agora, vemos Sully e sua família, composta de quatro filhos, além, claro, de Neytiri, vivendo pacificamente na floresta juntamente à tribo Ormaticaya, até o momento em que um antigo inimigo reaparece em busca de vingança.
Para proteger sua família e a própria tribo, Sully decide deixar a floresta, partindo em busca de uma nova região do planeta Pandora. E é aí que o show começa, pois somos apresentados a uma imensidão do planeta que até então, da mesma forma que a família protagonista, desconhecíamos. Pandora é extremamente maior aqui. Em especial a nova região onde a história se passa, o mar.
É lá, mais precisamente na altura dos recifes de Pandora, que vive a tribo dos Metkayna, liderados por Tonowari e sua esposa, Ronal, que a família de Sully consegue refúgio, e passa, então, a aprender os costumes, a cultura e a intrínseca relação que este povo tem com as águas do oceano que as cercam, assim como todo o exuberante ecossistema que as habitam. E acredite, é de cair o queixo o espetáculo que Cameron traz à tela.
Aliás, aqui se faz necessário um adendo. Certifique-se de assistir a Avatar: O Caminho da Água na melhor e maior tela que você conseguir. E sim, em 3D. Não sou um defensor de filmes neste formato, quem me acompanha aqui sabe disso, mas neste caso em particular sou obrigado a me render. O 3D é necessário. E por várias razões, desde para que você consiga sentir a grandiosidade, a diversidade, as cores, a força da vida que existe no mar do planeta, assim como para que a sua experiência de imersão dentro da história como um todo seja completa.
Cameron sabe usar esta tecnologia que, sim, apesar de tecnicamente eu não saber explicar em que, está diferente nesta produção, mais fluida, mais natural, e muito, muito menos cansativa. E olha que são 3 horas e 12 minutos de projeção, ou seja, se cansar não seria difícil. Mas não cansa. Ao contrário, a sensação de leveza, de paz, e a imensa vontade de sair nadando da sala de cinema ao término do filme são muito fortes. Espetacular!!!
HISTÓRIA DERRAPA
Infelizmente, sendo honesto com vocês, como sempre fui, sou obrigado a dizer que, em termos de história, o que vemos nesta sequência não chega exatamente a surpreender, uma vez que temos, de novo, o embate do chamado Povo do Céu, ou seja, os humanos, e os Na’vi, com todos os requintes de crueldade já tradicionais na saga, em especial na relação homem x natureza. Aliás, em escala maior e mais impactante que no primeiro filme, é bom ressaltar.
No entanto, vemos o mesmo tipo de maquinário por parte dos humanos, adaptado ao mar, obviamente, o mesmo teor de discurso por parte dos agressores, a mesma não muito criativa justificativa para as ações, o que, cá pra nós, já era um problema no primeiro Avatar.
Entretanto, também é importante destacar, isso não chega a exatamente atrapalhar a experiência pois, como já disse, a contemplação deste novo mundo, o aprendizado desta nova cultura, os novos laços de amizade e de cumplicidade que presenciamos se formarem aqui acabam por se sobressair, o que não permite que o roteiro, que eu classificaria como mediano, estrague a fantástica vivência que você terá neste novo lado de Pandora. Mas fica a observação.
VALE A PENA
Não vou me alongar muito, até para não falar ainda mais do que devo sobre outros detalhes da produção, e encerro dizendo que Avatar: O Caminho da Água superou, e muito, as minhas expectativas pois, além do já esperado espetáculo visual, e que ainda assim surpreende, nos traz uma nova forma de ver este já conhecido mundo, muita aventura em cenas de ação de tirar o fôlego, além de nos preparar e nos encher de expectativa sobre o que veremos a seguir, uma vez que as próximas três sequências já se encontram em fase de pós-produção.
Mesmo a história não sendo lá uma novidade, estou muito ansioso por descobrir e, principalmente, mais uma vez, sentir, as novas regiões e ambientações, povos e culturas, que este rico e belíssimo planeta tem para nos apresentar.
Assim sendo, corra para o cinema mais próximo, pois Avatar: O Caminho da Água vale muito a pena! Filmaço!!