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Quem é o senhor do seu destino

25/09/2024 12h14

Diariamente, sigo o mesmo percurso para o trabalho. Uma das ruas por onde passo quase todas as manhãs é a da beira-rio, próxima à Unisul.


Há dois anos, nessas idas rotineiras, notei um senhor, aparentando cerca de 70 anos, que caminhava por ali vestido com trajes típicos de corrida. 


No entanto, ele não corria; mal conseguia se mover, praticamente se arrastando pela calçada. Era evidente que havia passado por algum problema que lhe impôs severas limitações nas pernas.

Por dias, semanas e meses, acompanhei, mesmo à distância, a evolução daquele homem. O que começou com passos incertos e penosos, lentamente se transformou.


Sua luta diária, que antes consistia em arrastar-se, progrediu para caminhadas mais firmes, até que, hoje, dois anos após o primeiro avistamento, vejo-o correndo. O que antes parecia uma quase incapacidade foi superado pela força inabalável de sua vontade.

Ninguém alcança elevação física ou intelectual apoiando-se na preguiça. Após certa idade, mesmo quando ainda jovens, o corpo entra em um processo natural de degradação, e o caminho que leva ao inevitável fim encurta-se significativamente para aqueles que escolhem a comodidade do sofá, acompanhados de doces e tortas.


É claro que a vida é permeada pela incerteza, e nenhum de nós está imune aos imprevistos. Mesmo quem cultiva hábitos saudáveis pode ver sua trajetória interrompida antes do esperado. No entanto, acredito firmemente que, em grande parte, somos arquitetos do nosso próprio destino.

O futuro que nos espera depende, em grande medida, de nossas escolhas cotidianas. Serei um idoso ativo ou viverei cercado de limitações? Ou, ainda, serei apenas uma lembrança precoce para os meus entes queridos?


Atribuir tudo a uma predestinação divina — como a ideia de que Deus sabe o que seremos desde antes de nascermos — é uma maneira fácil de abdicar da responsabilidade pessoal, pois ignora o papel central do livre-arbítrio.

Se, por exemplo, você opta por pilotar uma motocicleta a 150 km/h, o risco de um acidente fatal é exponencialmente maior do que para quem conduz com prudência. Afirmar que essa atitude perigosa foi preordenada por Deus é negar a gerência humana sobre suas próprias escolhas.


Da mesma forma, viver de maneira saudável é uma decisão que cabe exclusivamente a você. Deus não determinou que você consuma açúcar em excesso, bolachas recheadas ou salsichas processadas. A responsabilidade por essas escolhas recai sobre seus próprios ombros.

A verdadeira liberdade não está em uma crença cega no destino, mas no reconhecimento de que as ações que tomamos hoje moldam o que seremos amanhã. 


Deus não é um agente que dita nossos passos, mas sim uma presença que nos confere a autonomia para decidir que caminho seguir.


Eu sempre acreditei nisso, mas acompanhar a evolução dos passos daquele determinado senhor reforçou a minha crença no poder das minhas escolhas.


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MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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