Morte na caixa de Correios
11/10/2024 08h37
Ontem, ao abrir minha caixa de correios, mergulhei meus olhos no escuro profundo daquele pequeno retângulo que, em outros tempos, trazia alegrias: cartas de parentes distantes, cartões de Natal, cursos por correspondência.
Hoje, no entanto, o cenário é bem diferente. Em vez de emoções verdadeiras, encontrei uma pilha de santinhos — rostos de candidatos deixados pelas "formiguinhas" contratadas para encher nossa vida com papéis irrelevantes. Como tantos outros panfletos inúteis, esses seguiram rapidamente sua breve jornada da caixa de correios à lixeira.
Limpei a caixa e tirei vinte e sete santinhos. Entre tantos rostos e promessas, apenas um triunfou nas urnas. Isso me fez refletir sobre uma expressão desgastada, mas ainda válida: "É preciso pensar fora da caixa."
Embora clichê, aqui se aplica perfeitamente. Não basta que os candidatos entrem apenas na caixa de correios do eleitor, é preciso muito mais. Ganhar eleições exige presença contínua, serviços prestados, ações que façam o eleitor perceber o candidato como alguém comprometido com o crescimento da cidade e o bem-estar de sua população.
No entanto, muitos, assim como os papéis que brotam nas caixas de correio, aparecem apenas no período eleitoral. Nas redes sociais, tentam, de maneira superficial, "mostrar a cara", como se isso fosse suficiente para conquistar corações e mentes. É uma versão mais aprimorada das antigas campanhas dos anos 90 e anteriores, quando a tática era "colocar a cara" nos postes da cidade.
Quando a contagem dos votos termina, muitos desaparecem novamente por mais três anos e meio, até ressurgirem para uma nova tentativa. A esses, deixo um aviso: se não mostrarem serviço daqui em diante, se não cultivarem uma presença verdadeira e constante, na próxima eleição "morrerão" outra vez — na caixa de correios.
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