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BLOGS E COLUNAS

A vida que ninguém vê

13/03/2025 08h01

Nesta semana, tive a honra de conversar com seu Osório Nandi e dona Francisca Corrêa Nandi — ou, como todos a chamam com carinho, dona Chiquinha.

Esse casal, de sorriso fácil e alma generosa, não construiu apenas uma mercearia; ergueu um ponto de encontro onde a vida cotidiana se entrelaça com a memória afetiva do povo tubaronense. Desde 1961, a Mercearia Nandi foi mais que um comércio: tornou-se palco de histórias e guardiã de laços que resistem ao tempo. Eu mesmo, na infância, frequentava o lugar para comprar umas balinhas ou pedir um copo d’água, quando ia jogar bola no campo do Sertão ou tomar banho em algum trecho do rio que serpenteia por aquelas bandas.

No dia 11 de fevereiro de 2025, uma terça-feira, fui recebido por eles com uma notícia que fez o tempo suspender-se por um instante: na quinta-feira seguinte, as portas da mercearia se fechariam para sempre.

E como é difícil assistir à despedida de um pedaço da história. Cada canto daquele espaço guardou risos, confidências e pequenos milagres do dia a dia. Mas, se a despedida carrega a melancolia do fim, traz também a grandiosidade da gratidão. Seu Osório e dona Chiquinha não apenas venderam mantimentos; nutriram almas, estreitaram vínculos e deixaram marcas eternas no coração da comunidade e de todos que, como eu, um dia passaram por lá. Agora, merecem o descanso tranquilo, os dias sem pressa, a doçura de uma vida que já tanto doaram aos outros.

Essa história, assim como tantas outras, encontra abrigo no meu perfil do Instagram, A Vida que Ninguém Vê. Ali, dou voz a pessoas que talvez passem despercebidas no ruído do mundo, mas que carregam brilho no olhar e amor no coração. Gente que não busca holofotes, que não tem fortuna nem fama, mas que possui a verdadeira riqueza da simplicidade.

Como o Poeta das Bicicletas, que recita versos pelas ruas de Tubarão. Como dona Vera, que, depois de perder tudo na enchente do Rio Grande do Sul, encontrou nos pãezinhos que faz uma forma de recomeçar. Como Marco Antônio Fernandes, o gari cuja gentileza ilumina o dia de quem cruza seu caminho e que, tempos atrás, encontrou e devolveu uma grande quantia em dinheiro sem hesitar. Como Adair de Oliveira, o coveiro que há 36 anos cuida do descanso dos que partiram no cemitério Horto da Saudade.

São eles — e tantos outros que o destino ainda me apresentará — os protagonistas de A Vida que Ninguém Vê. Porque a grandeza da existência não se mede por manchetes ou aplausos. Ela se revela nos gestos anônimos, nos laços silenciosos, na generosidade que não pede reconhecimento. Está no gari que varre as ruas com um sorriso, na senhora que transforma farinha em esperança, no poeta que espalha versos sem esperar por ouvidos atentos.

No fim das contas, a verdadeira história do mundo não é escrita pelos que brilham sozinhos, mas por aqueles que iluminam os outros sem que ninguém perceba.

Se você também acredita na beleza dessas histórias, siga @a_vida_que_ninguem_ve no Instagram e descubra relatos que merecem ser conhecidos.


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MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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