O sol deitou-se no horizonte, e a noite cobriu o Estado do Rio Grande do Sul com seu manto negro. Mas a luz da esperança nunca dorme; ao romper do dia seguinte, as águas haviam baixado em uma das cidades atingidas pela enchente.
No chão, formou-se uma espessa camada de lodo infértil. Uma menina, com olhar poético e curiosidade aguçada, chamou a atenção da mãe ao puxar a barra de sua saia e apontar o dedinho para uma cor vibrante que se destacava no meio do desolado e escurecido lamaçal. Era um tom rosado-avermelhado, com nuances lilases que se intensificavam sob a luz do sol.
Em instantes, uma multidão voltou sua atenção para aquela cor peculiar. Uma voz, abafada pelo espanto, exclamou: “Meu Deus, nasceu uma flor na lama!”
A menina, então, anunciou: “É a Flor do Amor e da Esperança!”
Foi nesse instante que um milagre aconteceu naquele abençoado solo gaúcho.
A pequena mágica flor cresceu diante dos olhos incrédulos daquelas pessoas, erguendo-se tão alto que parecia um antigo ipê florido. O vento minuano soprou, espalhando as sementes pelo céu cinzento, que voaram a uma distância além da compreensão humana, encontrando solo fértil nos corações do povo brasileiro.
Depois daquele inacreditável dia, a Flor do Amor e da Esperança não parou de se multiplicar no Rio Grande do Sul, seja na forma de voluntários que ajudam a resgatar vidas, em caminhões repletos de alimentos e roupas, em doações generosas, ou na sintonia de fé que viaja livre pelo espaço e encontra abrigo no ponto mais profundo da alma do bravo povo gaúcho.
E é por tudo isso que faço minhas as palavras do cantor e poeta Teixeirinha, em nome de todo o povo catarinense:
“Meu coração é pequeno
Porque Deus me fez assim
O Rio Grande é bem maior
Mas cabe dentro de mim.”
Querência amada, tua dor é a nossa dor! Tua flor, nascida na lama, é símbolo de que nós também somos filhos do Rio Grande do Sul.