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BLOGS E COLUNAS

A corrente anônima do bem

11/05/2022 19h04

O céu da Cidade Azul enegreceu. A chuva começou a cair. Leve, bem-vinda, refrescante... Pingo, pingo, pingo, pingo... Exagerada! Alagou bairros, transbordou o Pai Feroz, invadiu casas, expulsou moradores, feriu corações...

E foi esse o momento de ruptura do normal que fez a corrente do bem ganhar vida.

O padre, percebendo que haviam muitas pessoas desabrigadas na cidade, abriu as portas da Catedral para recebê-las.

A senhora Ana, dona de casa que não fora atingida pelas mãos pesadas da enchente, soube que precisavam de voluntários na igreja. Ela então foi lá se colocar à disposição para ajudar a recepcionar as pessoas.


O senhor José – comerciante conhecido pelo desprendimento e bondade – doou cobertores e colchões. Generosidade que ofereceu um pouco mais de conforto e dignidade a toda gente que procurava abrigo na casa religiosa.

A jovem Viviane, humanitária e cheia de compaixão, foi ao mercado, comprou pães e frutas, e em seguida se dirigiu à igreja para doar os alimentos.

A senhora Isaura, idosa que sofrera perdas materiais e humanas na enchente de 1974, escutou em um programa de rádio que na Catedral havia muita gente triste e desesperançada. Ela então foi ao abrigo provisório, contou sua história de vida, ofereceu palavras de encorajamento e abraços aconchegantes.

O menino Davi, assistindo televisão, soube que na igreja tinha muitas crianças. Ele, então, pediu autorização à sua mãe para doar alguns dos seus brinquedos. Naquele momento triste, ele queria oferecer à criançada um pouco de distração e alegria.

No dia da enchente, muita gente não conseguiu sair de casa para prestar auxílio. Mas milhares de pessoas rezaram, pensaram positivo ou simplesmente desejaram a volta da normalidade com toda a força do coração e da alma.

Os pedidos e orações foram tão fortes e verdadeiros que ecoaram pelo vasto silêncio do Universo e alcançaram os ouvidos do Miraculoso. E então a chuva parou, as águas do Rio Tubarão baixaram e o Sol iluminou a cidade.

Passados alguns dias, a corrente anônima do bem não parou de crescer. Nos bairros mais atingidos da cidade, ainda é possível observar a movimentação de voluntários limpando casas, doando alimentos, móveis e tantas outras coisas necessárias para quem precisa  recomeçar.


Povo tubaronense, obrigado pela solidariedade!



MACIEL BROGNOLI
Crônicas e contos
Maciel Brognoli é guarda municipal de Tubarão, graduado em Administração Pública, especialista em Segurança Pública e Gestão de Trânsito e escritor. Ocupa a cadeira n° 27 da Academia Tubaronense de Letras (Acatul) e escreveu quatro livros.
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