Escrevi na última coluna sobre os fatos se repetindo na história e, com este atentado contra Donald Trump, me sinto num loop temporal, voltando a 2018, ao episódio da facada em Jair Bolsonaro. Voltam junto todas aquelas teorias da conspiração da época, e toda aquela história de que o candidato foi escolhido por Deus, para cumprir uma missão divina de salvar a pátria.
Foi Karl Marx que disse que a história se repete como farsa. Eu não sei se estamos diante de uma farsa, diante da reação de Trump erguendo os punhos com a bandeira norte-americana ao fundo. Cabe à polícia descobrir se há algo falso neste atentado, mas como jornalista não podemos brigar com os fatos e o fato é que houve mais um episódio de violência política.
Esta violência política veio junto com Trump, em 2016, e com a extrema-direita logo após dele, com seus representantes mundo afora repetindo o script, dentre eles, nosso ilustre Messias. A partir deles, a política passou a ser alimentada pelo ódio, e adversário político passou a ser considerado inimigo. Quem esquece de Bolsonaro dizendo: “Vamos fuzilar a petralhada”?
O fato de Bolsonaro e Trump nunca terem reconhecido a derrota, nem cumprimentado os verdadeiros vencedores da eleição, fez aumentar a polarização e o aumento de animosidade entre os respectivos eleitores. Quanta discórdia entre amigos e familiares foi provocada por esses dois? E quantos morreram após discussões envolvendo esses dois lados da política?
Não é preciso ir muito longe. Basta abrir as redes sociais daqui mesmo e ver quanto ódio é propagado por gente dita “de bem”. Mas a política serve justamente para se encontrar um meio-termo entre pessoas que pensam antagonicamente. Não é de se admirar, portanto, que os dois maiores propagadores do ódio tenham sido, eles mesmos, vítimas do ódio propagado.