O mundo anda tão louco que, ao sair o anúncio do novo papa, muitas pessoas estavam interessadas em saber ele era conservador ou progressista, no que diz respeito às reformas da Igreja Católica, mas que as pessoas traduzem para esquerda ou direita no Brasil. Como se o papa fosse pró-Lula ou pró-Bolsonaro.
Após a divulgação de que era norte-americano, vi pessoas da direita comemorarem, como se houvesse o dedo de Trump na escolha. Nem sei se era para rir ou para chorar diante desses comentários. Depois do discurso do novo papa, em que ele aparentou seguir o legado de Francisco, muitos desses torceram o nariz.
O fato é que todos pagamos o preço desse radicalismo. Éramos exemplo mundial na vacinação; hoje, os hospitais estão superlotados porque há quem acredite – e espalhe na internet – que vacina faz mal. A saúde foi politizada, assim como o meio ambiente, os direitos humanos, o combate ao racismo e à homofobia.
Quem defende essas pautas é rotulado como comunista. Para ser considerado de direita, hoje, tem de negar tudo isso. Um 'direita raiz' não se vachina, acha que a mudança climática é invenção da mídia, e todo o resto é mimimi. Por isso, a eleição de um papa 'isentão' pode representar um tempo de menos radicalização.
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