Uma mãe solo de três filhos roubou quatro pacotes de fraldas nas Lojas Americanas, no valor de 120 reais, em Minas Gerais. Foi descoberta e presa, mas a Defensoria Pública considerou o princípio da insignificância, em função do baixo valor dos bens, que foram posteriormente restituídos, e pediu o habeas corpus da mulher. Foi negado pelo juiz e o caso foi parar no STF.
Caiu, veja só, nas mãos de André Mendonça, ministro indicado por Bolsonaro. Ele argumentou que a acusada possuía antecedentes criminais e que os bens subtraídos não poderiam ser considerados de valor “ínfimo”. E que a recuperação dos bens não foi capaz de compensar o dano causado pelo furto. Manteve a pena de 1 ano e 2 meses, em regime inicial aberto.
A decisão ocorreu no mesmo fim de semana em que Mendonça votou contra a abertura de ação penal contra acusados de depredar prédios públicos em Brasília. Ele entendeu que a acusação não foi capaz de individualizar especificamente as condutas dos envolvidos e que não existiam elementos suficientes que possam comprovar a culpa. Foi voto vencido, claro.
A comparação serve para mostrar como pensam alguns que se autointitulam patriotas. Conheço vários que dizem de boca cheia que lugar de bandido é na cadeia, e que bandido bom é bandido morto. Mas incrivelmente mudam de opinião quando nos referimos aos atos antidemocráticos e criminosos de 8 de janeiro, que completam um ano nesta segunda-feira.
Primeiro diziam que os baderneiros eram petistas infiltrados. Como essa fake news não convenceu ninguém, reclamaram das condições da cadeia. Por fim, reclamaram das penas impostas, consideradas muito altas. Para esse pessoal, cadeia é só para preto, pobre e prostituta. Mas falta prender os que planejaram o golpe. Esses ainda estão impunes.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil