Em quase 2 anos e 8 meses, 262 vítimas foram encontradas e identificadas; oito continuam desaparecidos
O rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), completa mil dias nesta quinta-feira (21) sem previsão para que a maior operação de buscas do país chegue ao fim e sem que os responsáveis pelo desastre tenham sido punidos.
“São mil dias de dor, de saudade, de luta, de busca... de impunidade”, diz a geógrafa Alexandra Andrade, que perdeu o irmão, Sandro Andrade, e o primo, Marlon Gonçalves, além de inúmeros amigos e conhecidos na tragédia.
Em quase 2 anos e 8 meses, 262 vítimas foram encontradas e identificadas. Mas oito famílias seguem vivendo, dia após dia, o sofrimento da espera pela localização dos corpos. Para essas pessoas, mesmo o calendário apontando o correr dos dias, o relógio parece ter parado às 12h28 da última sexta-feira do mês de janeiro de 2019, momento em que a estrutura da barragem B1 ruiu na mina do Córrego do Feijão.
“Apesar de terem se passado mil dias, a gente ainda está com aquela sensação de estar lá no dia 25 de janeiro de 2019. (...) A dor e a saudade só aumentam, mas a gente tem a esperança de que pelo menos todos vão poder ter um enterro digno dentro da possibilidade. Então isso é um acalento”, diz a professora Natália de Oliveira.
Nesses mil dias, ela tem acompanhado de perto o trabalho do Corpo de Bombeiros na procura pela irmã, Lecilda de Oliveira, e pelas outras vítimas desaparecidas.
Impunidade
O período transcorrido desde o desastre não foi suficiente para a localização de todos os corpos nem capaz de trazer respostas à cobrança por justiça.
"Quase três anos da ‘tragédia-crime’, quase três anos também de impunidade, ninguém preso, ninguém punido. A gente quer que as empresas sejam responsabilizadas e que as pessoas que contribuíram para o rompimento da barragem também sejam punidas", afirma Alexandra, que atualmente preside a associação dos familiares de vítimas.
Em janeiro de 2020, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou à Justiça mineira a denúncia pelas 270 mortes. Além da Vale e da TÜV SÜD, empresa alemã responsável pelo laudo que atestou a segurança da barragem, 16 pessoas foram denunciadas, incluindo o ex-diretor presidente da mineradora Fabio Schvartsman.