Em nota, Conass não faz referência ao presidente, mas pede que convicções pessoais sejam afastadas do debate
Em meio à polêmica sobre a compra de 46 milhões de doses da vacina Coronavac barrada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) não fez referência direta ao chefe do executivo, mas afirmou que “nenhuma convicção pessoal pode sobrepor-se à ciência”.
Em nota, o órgão pede a despolitização do assunto, sugerindo que a sociedade debata o assunto “de maneira consistente e responsável”. Os secretários de saúde afirmam que a decisão deve ser pautada na eficácia e segurança para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e as vacinas devem respeitar todas as fases de estudo, ser aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e distribuídas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI).
“O Conass entende que a disponibilidade de oferta de uma vacina deve ser orientada por tais premissas, de modo que nenhuma convicção pessoal pode sobrepor-se à ciência. O método científico pressupõe controle, sistematização, revisão e segurança sobre o seu campo de investigação, de modo que seu resultado não pode simplesmente ser desconsiderado por contendas outras”, diz o texto.
Os secretários escrevem ainda que não deve existir privilégio ou retaliação a qualquer ente da federação (Bolsonaro citou o governador de São Paulo, João Doria, para barrar a compra das doses). “Que possamos ter a compreensão que, neste momento, só a união de esforços de todos os brasileiros pode nos render resultados positivos”, termina a nota.