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SAÚDE
22/06/2022 09h42

Apenas 3% do estoque de cloroquina foi usado em Blumenau e prazo de validade obriga descarte

Em 2020, Blumenau recebeu 82,5 mil comprimidos de cloroquina. Agora, mais de dez mil comprimidos foram jogados fora pela secretaria de Saúde do município porque passaram da validade

Quando a pandemia de covid-19 começou, em março de 2020, o Governo Federal começou uma forte campanha de distribuição do chamado “Kit Covid“, que incluía alguns medicamentos para o suposto tratamento precoce da doença. Entre esses medicamentos está a cloroquina, que não tem nenhuma comprovação científica de eficácia contra o coronavírus.


Apenas para Blumenau, no ano de 2020, o Ministério da Saúde enviou 36 mil comprimidos do remédio. O Governo de Santa Catarina enviou mais 46,5 mil, totalizando 82,5 mil comprimidos recebidos pelo município. Nos anos seguintes, 2021 e 2022, Blumenau não recebeu novas remessas.

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Passados dois anos, a secretaria de Saúde de Blumenau precisou descartar mais de dez mil comprimidos de cloroquina que venceram no mês de maio. Ou seja, praticamente 12% do total de remédios recebidos.


A prefeitura de Blumenau informou que tentou fazer a devolução do medicamento para o Ministério da Saúde, mas sem sucesso. Além disso, o município foi orientado pela SES (Secretaria de Saúde do Estado) a incluir os comprimidos à base de cloroquina na Farmácia de Alto Custo, porém, como o medicamento não substitui a hidroxicloroquina, utilizada no tratamento de doenças como artrite reumatóide e lupus eritematoso sistêmico, a cloroquina foi descartada após o vencimento.


Distribuição de cloroquina em Blumenau


Dos 82.560 comprimidos de cloroquina recebidos por Blumenau em 2020, apenas 1.741 foram entregues. Já em 2021, esse número foi menor ainda: apenas 1.047 comprimidos. Em 2022, até o vencimento do produto, que ocorreu em maio, Blumenau forneceu 30 comprimidos de cloroquina a pacientes. Somados, a cidade distribuiu em dois anos e cinco meses 2.818 comprimidos do medicamento, pouco mais de 3%.


Diante da baixa adesão, em 2020 o município devolveu 40 mil comprimidos para a SES (Secretaria de Estado da Saúde), além de doar 13.970 comprimidos para três municípios da região após as cidades solicitaram o medicamento. Já em 2021, quatro mil comprimidos foram enviados à regional da SES e outros 10.764 foram enviados para outros três municípios.


Em maio de 2021, a prefeitura de Blumenau abriu credenciamento para que clínicas médicas da cidade se inscrevessem para receber a cloroquina 150 mg, para serem fornecidas gratuitamente, mediante critério médico e prescrição do profissional. Porém, nenhuma clínica demonstrou interesse na doação.


A prefeitura também esclareceu que a distribuição da cloroquina para os casos em que os médicos receitaram o remédio para o tratamento de covid-19 foi feita atendendo os critérios estabelecidos pelo município, ou seja, apresentação de documento de identificação oficial com foto e comprovante de residência do usuário no município de Blumenau.


Como surgiu a ideia de que a cloroquina funcionava no tratamento da covid-19?


Em um artigo publicado na sessão Viewpoint, da revista científica The Lancet , os pesquisadores Leonardo Furlan, da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) nas áreas de Neurofisiologia e Reabilitação, e Bruno Caramelli, médico cardiologista, diretor da Unidade de Medicina Interdisciplinar em Cardiologia do Incor e professor da FMUSP, explicaram como esse movimento teve começo.


De acordo com os pesquisadores, no início da pandemia de covid-19, o crescente número de hospitalizações e mortes por causa da doença até então desconhecida motivou profissionais da área da saúde e pesquisadores a buscarem tratamentos para a covid-19. Assim, diversos medicamentos passaram a ser testados.


Diante das pesquisa, alguns remédios começaram a ser utilizados por médicos de forma off label, ou seja, fora da indicação da bula. Mesmo essa prática sendo reprovada pela comunidade científica, medicamentos como hidroxicloroquina, cloroquina e a ivermectina passaram a ser usados em larga escala em diferentes países, incluindo o Brasil.


Nessa mesma época, o Conselho Federal de Medicina do Brasil emitiu uma nota autorizando a prescrição de cloroquina e hidroxicloroquina para casos de covid-19. Além disso, o Ministério da Saúde publicou um protocolo orientando o uso de hidroxicloroquina e azitromicina em pacientes com covid-19 não hospitalizados.


Vale destacar que tudo isso aconteceu mesmo com a ausência de evidências científicas que comprovassem a eficácia desses remédios no tratamento do coronavírus.

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