Tem gente que não suporta o vazio. Que troca de amor como quem troca de roupa — não por leveza, mas por fuga. Sai de uma relação na sexta e no sábado já está dizendo “eu te amo” de novo, como se coração fosse botão de liga e desliga. Como se amor não deixasse resíduos.
Emendar relações sem tempo de luto é praticar poligamia emocional: é estar com um enquanto ainda se sangra por outro. É fingir presença quando a alma ainda mora em outra história. É dividir o peito entre o que foi e o que se tenta apressar.
Luto não é sobre sofrer eternamente. É sobre respeitar o que se viveu. É olhar para trás com honestidade, entender o que doeu, o que faltou, o que foi bonito. É limpar a casa interna antes de convidar alguém a entrar.
Pular etapas não cura, apenas adia. E o que não foi elaborado vira bagagem na próxima tentativa. Vira medo disfarçado de pressa, insegurança disfarçada de paixão. Vira comparação constante, carência camuflada de entrega.
É preciso ficar só. Ficar só para se escutar, para se reconstruir, para se reencontrar. Quem se ama, se oferece inteiro — não remendado. E amar de novo só vale a pena quando o coração está disponível, não ocupado por fantasmas.
Amor novo merece espaço limpo. Não dá para plantar o presente em cima dos escombros do passado.
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