Você pode enganar todo mundo por quase todo tempo.
Pode vestir a roupa certa, sorrir com os dentes bem alinhados, responder com frases ensaiadas, parecer equilibrado, amoroso, confiável.
Pode construir uma imagem sólida, polida, encantadora.
Pode ser o herói da própria fábula e convencer os outros de que é mesmo aquele personagem.
Pode.
Por um tempo.
Mas o tempo… ah, o tempo é implacável com o falso.
Ele vai corroendo a maquiagem das intenções, revelando as rachaduras nas falas, desfazendo as máscaras com uma chuva fina de evidências.
Porque ninguém sustenta para sempre o que não é.
Ninguém consegue controlar todos os ângulos, todos os olhares, todos os contextos.
A verdade tem um poder silencioso: ela espera.
Ela não grita.
Ela não invade.
Ela apenas permanece.
Até que um dia aparece.
E quando aparece, desmonta tudo o que foi construído em cima da ilusão.
O encantador de pessoas vira manipulador.
O bom moço vira covarde.
A vítima vira vilão.
E aí não adianta mais sorrir.
Não adianta justificar.
Não adianta chorar.
Porque tudo que foi negado durante tanto tempo agora se impõe com a força de quem já não precisa mais de provas: basta olhar.
Você pode enganar todo mundo por quase todo tempo.
Pode enganar quase todo mundo por todo tempo.
Mas não pode enganar todo mundo por todo o tempo.
A mentira tem pernas curtas, sim — mas o que ela tem de curto, o tempo tem de longo.
E o tempo, cedo ou tarde, acende a luz.
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