Talvez você nem perceba, mas está o tempo todo fazendo gestão de portfólio na vida. Sempre que precisa tomar uma decisão, automaticamente faz uma espécie de cálculo de risco versus retorno.
Ao acelerar o carro você chegará mais rápido, porém o risco de acidente aumenta. Ao fazer uma mudança profissional você poderá ter ganhos futuros maiores, porém perderá a segurança do emprego atual.
Ao ingressar em uma nova graduação poderá, com esta qualificação, almejar postos maiores no trabalho, porém terá uma despesa de recurso e tempo maiores num primeiro momento.
O tempo todo estamos tomando decisões e, mesmo inconscientemente, calculando os riscos e os retornos de tais ações.
Foi fazendo exatamente isto que o economista Harry Max Markovitz ganhou um Prêmio Nobel de Economia e revolucionou o mundo dos investimentos ao desenvolver a sua teoria de portfólios, também conhecida como modelo de Markovitz.
Mesmo tendo sido criada há mais de 70 anos, segue sendo amplamente aceita no mercado financeiro. A teoria de Markovitz parte do pressuposto que o investidor sempre irá optar pelo menor risco com o maior retorno possível.
Com base nisso, buscou entender a correlação entre os ativos, e assim, a montagem da carteira ideal do ponto de vista do risco versus retorno. De um lado a soma ponderada (com pesos distintos) do retorno destes ativos, e do outro uma função da correlação (ligação) da variação destes mesmos ativos.
Com tudo isto quantificado chega em uma carteira diversificada, onde as oscilações de uma determinada classe de ativos não influencia a carteira como um todo e, mesmo assim, mantém um nível satisfatório de retorno.
Markotivz também entendeu que esta fórmula não é a mesma para todos os investidores. Com isto introduziu na sua teoria a Curva de Indiferença, que representa as preferências individuais de cada investidor com relação ao risco versus retorno; portanto, a depender da posição nesta curva, a alocação dos ativos será diferente.
Num primeiro momento o gráfico parece complicado, mas não é. O início da linha verde é onde se encontram os títulos livres de risco (geralmente títulos públicos) e à medida que avança para a direita (em direção ao risco) também aumentam os retornos (eixo vertical do gráfico).
A fronteira eficiente que Markovitz defende é justamente onde a linha azul encosta na verde, onde, do ponto de vista do risco versus retorno, a carteira de investimentos será mais eficiente. Portanto, tudo o que estiver abaixo deste arco (bullet) será, do ponto de vista da teoria, uma carteira ineficiente, dado que, com o mesmo nível de risco, não trará o mesmo retorno de uma carteira posicionada na fronteira.
É claro que toda esta análise está baseada no passado e, como não é possível prever o que acontecerá com os ativos no futuro, toda a tese foca em mostrar uma tendência de comportamento destes ativos.
Portanto, a partir de agora, sempre que for tomar aquela decisão, tanto na vida pessoal quanto profissional, lembre-se de buscar sempre a fronteira eficiente.