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Mulan mostra o quanto perdemos sem o cinema

06/09/2020 12h49

Lançado de uma forma arriscada pela Disney diretamente em seu serviço de streaming, o Disney Plus, e em alguns poucos cinemas já reabertos no mundo, a versão live action do clássico Mulan mostra a falta que a tela de cinema faz em determinadas produções, e o quanto a pandemia nos tirou, e ainda vai tirar, em termos de sétima arte.



Boas e más notícias


Vamos direto ao ponto: Mulan não é uma simples adaptação da animação lançada em 1998, coisa que aconteceu com o Rei Leão, por exemplo, e desagradou muitos fãs. A versão com personagens em carne e osso do conto chinês traz uma releitura da lenda original, onde a primogênita de uma família que não possui filhos homens se disfarça de soldado para substituir o pai, já idoso e deficiente, após convocação do imperador para uma guerra, de modo a manter a honra da família intacta. E esse é o único ponto onde as duas versões se encontram. No mais, o que se vê no live action é uma história muito mais madura, mais profunda, que mostra como algumas culturas, desde sempre, levam a segregação de gêneros ao extremo, com a mulher tendo o papel de honrar sua família apenas e tão somente se tornando uma esposa digna e recatada em um casamento arranjado. Desta forma, pode-se imaginar o tamanho do desafio da jovem protagonista, que, desde criança, destacava-se por seu alto “CHI”, ou seja, sua força interior, que lhe concedia características e dons de combate, agilidade e coragem vistos nesta sociedade como exclusivmente masculinos, disfarçando-se como “filho”, no meio de um pelotão formado apenas por homens, e no meio de uma guerra.


Tudo parece muito promissor, mas Mulan precisa ser analisado em duas frentes. Como adaptação da animação, falha miseravelmente. Não tem música, por exemplo. Nenhuma. Nenhum assobio sequer. Então, se você espera ver o lindo número musical “Homem Ser” (ou I’ll Make A Man Out Of You, no original), durante o treinamento dos soldados, esqueça. Não vai rolar e sua frustração será certa. Ah, não tem o Muchu também, aquele simpático e destrambelhado dragãozinho que acompanha a trajetória da heroína. 


Com isso em mente, vamos às boas notícias. Aliás, às ótimas. O filme é um espetáculo visual, do início ao fim, não em CGI, mas em fotografia, com paisagens de tirar o fôlego e que, é bem nessa hora, nos faz sentir muita falta da telona do cinema. Teria sido incrível. O figurino dos personagens, belíssimo, funcional, verdadeiro com sua época. O design de produção é outro ponto que chama muito a atenção, com cenários e locações magníficos. A mensagem do longa, da mesma forma, é forte, direta e, em tempos de feminicídios em alta, mais atual do que nunca. Em resumo, em um ano de poucos lançamentos até o momento, pelas razões já conhecidas, Mulan em live action mostra que, quando a dona Disney quer, ela arrebenta! Melhor de 2020 até aqui, e já disparado como franco favorito a tudo quanto é premiação, até por não ter, até agora, repito, concorrentes. Pra aplaudir de pé! (OBS: O filme foi lançado na Disney Plus, ainda não disponível no Brasil, onde estreia em 17 de novembro. No entanto, é possível assinar o serviço de forma oficial, mas acessá-lo por VPN).



Joia escondida na Netflix


E como o tema é a mulher forte e lutando por seus direitos em uma sociedade machista, uma outra dica vai para “A Tenente de Cargil”, filme indiano que estreou na Netflix em agosto último e que é uma verdadeira joia preciosa escondida no meio dos milhares de títulos da gigante do streaming. O longa traz a história, destacada em seus créditos iniciais como baseada em fatos reais, da tenente Gunjan Saxena, que se tornou a primeira mulher a pilotar aeronaves na Força Aérea Indiana (FAI).


A forma como a trajetória da protagonista é contada chama muito a atenção não só por sua força de vontade, sua determinação, em busca de seu sonho de criança em ser piloto, sempre apoiada no suporte incondicional de seu pai, mas em especial em mostrar, de forma explícita, o machismo que era, e ainda é em muitos aspectos, extremamente presente neste meio militar (e em vários outros, diga-se). 


Por exemplo, nem banheiro feminino existia em toda a base aérea onde ela fez seu treinamento. Aliás, só existia ela de mulher no local. E a resistência, o deboche, o pouco caso que os demais cadetes faziam pela simples presença de Gunjan na base incomodam durante a projeção. E muito. E é emocionante ver como, em meio a todas as adversidades possíveis e imagináveis, Saxena luta por seu sonho, em um filme que passa despercebido no catálogo (eu mesmo não o conhecia, e por isso agradeço muito a uma amiga minha pela indicação), mas cuja busca na ferramenta de pesquisas da Netflix não fará você se arrepender, pelo contrário. Por isso, vá atrás desta obra, obrigatória nestes tempos atuais. Ah, e obrigado pela indicação, Amanda, dessa vez você acertou em cheio!



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