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Especial Oscar 2022 – Coda: No Ritmo do Coração

23/03/2022 07h41

É interessante como, às vezes, somos pegos desprevenidos em relação a um filme, um livro ou uma série, em que não damos muita coisa, não criamos expectativas e, de repente, percebemos o quanto estávamos errados. Foi o que aconteceu comigo em relação a Coda: No Ritmo do Coração (CODA, Apple, EUA/2021), uma surpresa das mais agradáveis e que, de forma justa, é um dos indicados ao prêmio de Melhor Filme no Oscar 2022.


EXTRAORDINÁRIO


A trama de Coda é simples, porém extremamente poderosa: uma família de pescadores da cidade de Gloucester, estado de Massachusets (sim, a mesma de Mar em Fúria, lá de 2000), possui deficiência auditiva, sendo Ruby, interpretada de forma excepcional por Emilia Jones, a única que ouve normalmente. Seu pai, Frank, vivido por Troy Kutsor, e seu irmão, Leo, papel de Daniel Durant, são seus companheiros de barco quando estes se aventuram pelo alto-mar na busca pelos peixes e, consequentemente, seu sustento, sendo geridos pela mãe Jackie, interpretada por Marlee Matlin, estes três últimos, conforme já dito, surdos.


Desta forma, Ruby, com seus 17 anos, tenta conciliar seu trabalho junto à família com o último ano do Ensino Médio, quando, meio que por acaso, descobre um talento nato para a música, ao chamar a atenção de seu professor Bernardo Villalobos (homenagem ao nosso, será??), personagem de Eugenio Derbez. Como você já deve ter percebido, Ruby é a responsável por “ouvir” para sua família, e fazer a tradução entre os dois mundos, em um show de interpretação da linguagem de sinais por parte de Emilia Jones – já mencionei que ela está fantástica no filme?


BARREIRA DO PRECONCEITO


Como não deve ser difícil de imaginar, em um cenário deste, um componente enfrentado pela família é o preconceito, sofrido tanto pelos pescadores junto aos colegas de profissão, quanto por Jackie, por parte da comunidade em geral, e por Ruby, vítima constante de bullying praticado por seus “amigos” de escola.


A composição das dificuldades enfrentadas pela família é ricamente mostrada não só através das interpretações do elenco, irretocáveis – já mencionei Emilia Jones, não?? - mas também pelo texto profundo, poderoso, escrito pela roteirista, e também diretora, Siân Heder, baseado em especial na sinceridade das falas, nos detalhes de seu cotidiano, de maneira sutil e, ao mesmo tempo, com muito sentimento.


A encruzilhada que a vida coloca Ruby ao, em determinado momento da trama, ter que decidir entre sua família, com todo este histórico explicado, e seus sonhos, através da tentativa de ingressar em uma renomada faculdade de música, em Boston, é muito bem retratada, de modo a inserir o espectador na trama de uma maneira em que ficar insensível ao que se vê em tela é coisa só mesmo para aqueles que já não possuem coração.


CURIOSIDADES


Coda tem algumas particularidades que fazem dele a obra extraordinária que é. A começar pelo fato de que, caso a história lhe soe familiar, não estranhe, pois, de fato, ela não é original, uma vez que se trata da refilmagem de A Família Bélier, filme francês de 2014. Mas com uma importante e, a meu ver, fundamental e acertada diferença: a presença de atores surdos no elenco. Durant, Matlin e Kutsor possuem deficiência auditiva real, e isso traz veracidade e emoção ao projeto, imprescindíveis à mensagem do filme.


Apresentado em diversos festivais mundo afora, o longa foi destaque em Sundance 2021, onde arrebatou vários prêmios. Este feito chamou a atenção da Apple, que gastou a bagatela de 25 milhões de dólares para ter o direito de distribuí-lo nos Estados Unidos, tanto nos cinemas quanto em seu serviço de streaming, o Apple TV +. Especula-se que, após a indicação ao Oscar, a empresa da maçã tenha gasto ainda mais em marketing para tentar convencer os membros votantes da Academia.


Por fim, a essa altura do campeonato você deve estar se perguntando: por que o filme tem esse nome? Simples: CODA é a sigla, em inglês, para Child Of Deaf Adults, ou, traduzindo, criança, ou no caso, filha de adultos surdos.


SERVIÇO


Por tudo o que envolve, Coda é, dentre os seis concorrentes ao Oscar de melhor filme que analisamos aqui na coluna, o meu favorito até aqui. Atuações impecáveis – Emilia Jones?? – roteiro forte e impactante, mensagem poderosa e leveza, ao mesmo tempo, em uma produção que ainda se completa com a escolha das músicas interpretadas por Ruby em seu aprendizado, simplesmente perfeitas para os momentos em que são inseridas e para o contexto, como um todo.


Além do prêmio de Melhor Filme, No Ritmo do Coração recebeu indicações a Melhor Ator Coadjuvante, para Troy Kotsur e Melhor Roteiro Adaptado. (Ué, cadê melhor atriz para Emilia Jones????) Pois é...


O filme está disponível, aqui no Brasil, no catálogo da Amazon Prime Video. Como sugestão, tenha um lenço por perto quando for assistir. Imperdível!!

       



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