Nesses tempos de pandemia, que já duram mais do que muitos acreditavam, mas que ainda devem durar ainda mais, pelo andar da carruagem, a humanidade precisou, como talvez nunca em sua história, ao menos nesta escala, se adaptar. Seja em termos econômicos, de convívio social, do nosso dia a dia, e claro, de saúde, novos hábitos passaram a ser corriqueiros, e assim devem permanecer. E com relação à cultura pop, assim como a cultura de modo geral, não é diferente.
Novos tempos
A pandemia da covid-19 interrompeu centenas de produções de filmes, séries, novelas, peças de teatro, shows e eventos em geral. Estima-se que só a indústria do cinema tenha um prejuízo de algo em torno de 100 bilhões de dólares, sendo a maior rede dos Estados Unidos, a AMC, responsável por um prejuízo de 10 bilhões, isso levando-se em conta que as salas reabram até julho, o que não se sabe se acontecerá. A própria AMC já admite a possibilidade de não mais abrir.
A alternativa dos streamings
Como alternativa aos vários lançamentos de filmes que foram cancelados e/ou adiados para suas exibições em salas de cinema, serviços de streaming têm sido a saída dos grandes estúdios para, ao menos, minimizarem o impacto e o prejuízo causados pela pandemia. Por exemplo: a animação Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica (Onward, Disney/Pixar, 2020) havia recém-estreado nos cinemas norte-americanos, e ainda não tinha chegado ao circuito mundial como um todo, quando foi declarada a pandemia e o isolamento social teve início, com o posterior fechamento dos cinemas. Em uma estratégia incomum, a Disney “queimou” as chamadas janelas de exibição das obras (cinema, versão digital, DVD/Blu-Ray, streaming, TV fechada e finalmente, TV aberta) e lançou o filme poucas semanas depois em seu serviço próprio de streaming, o Disney+, ainda não lançado no Brasil. Resultado: sucesso. O volume de exibições alavancou os números do serviço a patamares próximos ao de sua estreia, capitaneada pela série O Mandaloriano (The Mandalorian, Disney/LucasFilms, 2019), recorde do serviço.
Isso se viu, de novo, no último mês, quando a Warner Bros. lançou, no dia 15 de maio, o filme Scoob! (Warner, 2020), diretamente em streaming, substituindo a chegada do longa aos cinemas, que aconteceria na mesma data. E reafirmando esta que pode ser a tendência daqui em diante, temos o fenômeno Trolls 2 (Trolls 2 – World Tour, Universal, 2020), cujo lançamento também foi remanejado dos cinemas para as plataformas digitais, arrecadou suntuosos 100 milhões de dólares, em um universo de cerca de cinco milhões de locações, ao custo de US$ 19,99 cada.
Futuro
Claro que, se observarmos os exemplos citados acima, alguém pode dizer: “ah, mas são animações!”… Verdade, são animações. Animações que custam caro e que constavam das listas dos estúdios como parte do faturamento esperado para o ano. Mas aí uma notícia, tratada como rumor de internet, por três anos quase, foi confirmada: Zack Snyder’s Justice League, ou a versão do diretor Zack Snyder do filme Liga da Justiça (Justice League, Warner/DC, 2017), será lançada ano que vem no HBO Max, serviço de streaming da Warner, recém-lançado nos EUA e que em 2021 chega ao resto do mundo, inclusive no Brasil. Não se fala noutra coisa no mundo da cultura pop. Isso porque a produção deste filme, confusa e problemática desde o início, e que culminou com a troca de diretores em meio à produção, com direito a diversas refilmagens, mudanças de roteiro e etc resultaram num filme que mais parece uma colcha de retalhos e que fracassou monstruosamente nas bilheterias em sua época.