Há duas crises gravíssimas a enfrentar: a de saúde, que estamos saindo devagar, e a econômica, que estamos entrando, igualmente devagar. A pandemia de coronavírus provocou uma crise econômica mundial, com números assustadores: meio bilhão de pessoas no limiar da pobreza, acabou com 400 milhões de empregos, e deixou à beira da falência 430 milhões de pequenos negócios.
São números compilados pela Oxfam, uma organização presente em mais de 90 países que atua na busca de soluções para o problema da pobreza e da desigualdade. A crise é mundial, mas conseguimos, não sem algum esforço, torná-la pior aqui no Brasil. No caso da crise sanitária, só perdemos a liderança do número de mortos para os Estados Unidos, que sofrem com o negacionismo de Trump.
Mas somos os campeões mundiais de permanência no platô altíssimo de 1.000 mortos por dia, e agora que esse número vem caindo, cai também de uma maneira lenta. Uma coisa está ligada à outra: países que enfrentaram melhor a pandemia voltaram logo ao velho normal, sem maiores traumas. É o caso da Nova Zelândia e da Alemanha, coincidentemente dois países governados por mulheres.
No Brasil desgovernado, sem uma coordenação nacional de enfrentamento ao covid, só a vacina nos salvará. Só não foi pior porque prefeitos e governadores nos incentivaram a ficar em casa para achatar a curva, para não ficar todo mundo doente ao mesmo tempo. Assim, não faltaram hospitais e leitos de UTI, à exceção de alguns estados do Norte e Nordeste, onde a covid chegou primeiro.
Durante a pandemia, governos do mundo inteiro socorreram seus cidadãos, impossibilitados de trabalhar. Aqui também o nosso azar é grande. A proposta do governo, no início da pandemia, era cortar salários por quatro meses. Depois, foi dar R$ 200 de auxílio para autônomos. Imagine o caos que seria se essas propostas tivessem sido implementadas, sem que o Congresso as tivesse barrado ou aprimorado.
Mas agora a maioria desse socorro emergencial para pessoas e empresas está sendo reduzido ou chegando ao fim, sem que a crise sanitária tenha acabado. Com isso, o que se verá daqui para frente é o agravamento da crise econômica, que já é possível sentir a cada vez que se vai no supermercado. Na Saúde, ficamos sem ministro quando éramos o epicentro da pandemia no mundo. Na Economia é pior: temos um ministro. Seria melhor se não o tivéssemos.