O ano era 1993. Eu tinha começado a publicar notícias no Jornal de Negócios, que lancei dois anos antes como um jornal de classificados grátis. Fui até a Escola Técnica Diomício Freitas, onde levei a ideia de levar a leitura de jornais aos alunos daquela escola. Era um projeto que existia no mundo todo e gostaria de implantar aqui em Tubarão também, pois despertava os estudantes para o hábito da leitura, sempre necessário, além de ajudar na ampliação do vocabulário e na compreensão de textos.
O diretor da escola era o saudoso professor José Santos Nunes, que me recebeu educadamente e com a simpatia que o caracterizava. Eu tinha ali 24 anos, o jornal circulava há apenas dois, e fosse outro no lugar dele talvez nem desse muita bola para aquela ideia e sonhos que eu levava comigo. Mas ele acreditou no projeto que lhe mostrei, gostou do que apresentei e me encaminhou ao então gerente da cooperativa de alunos do Cedup, Joares Ponticelli. Era um jovem que era seu braço direito, me explicou.
Joares me recebeu com a mesma educação e simpatia do seu diretor. Também aprovou a ideia e eu passei os meses seguintes na implantação e gestão do jornal na escola ao longo daquele ano. Em 1994 o Jornal de Negócios mudou, virou o Diário do Sul, e o programa de Jornal nas Escolas foi implantado nas escolas da rede municipal anos depois, quando o professor Zé Santos foi nomeado secretário de Educação, na gestão do prefeito Carlos Stüpp. Recebeu o nome de Informando o Cidadão do Futuro.
Quem trabalha com público sabe que é muito difícil para um desconhecido ser bem recebido, especialmente quando se quer apresentar uma ideia. Por isso, essa primeira impressão que tive do nosso atual prefeito, 27 anos atrás, trago na lembrança até hoje. Ele seguiu uma carreira vitoriosa na política. Foi vereador, deputado, presidente da Assembleia Legislativa, governador em exercício, prefeito. Em qualquer cargo que ocupasse sempre me atendeu com a mesma gentileza que atendeu em 1993.
Joares Ponticelli disputou sua primeira eleição em 1996. Não pediu meu voto, não me cobrou apoio, embora tenha sido muito importante no começo da minha história e na do jornal. Desde então, em qualquer cargo que ocupasse, nunca me ligou para pedir a publicação de uma matéria que lhe fosse positiva, ou para reclamar de alguma crítica que tenha sofrido, justa ou injusta. Hoje, aquele jovem que me atendeu simpaticamente em 1993 foi reeleito prefeito de Tubarão, numa vitória esmagadora.
Esse texto não é uma declaração de que votei nele. Sou jornalista, e jornalista deve ser tão imparcial quanto puder. Apenas faço o relato porque vimos candidato brigando com todos, com tanto ódio no coração, destruindo famílias, o que me leva a fazer a comparação do porquê alguns serem tão bem-sucedidos na vida, e serão lembrados pelas amizades que fazem, enquanto outros vivem com esse discurso de ódio tão em voga hoje em dia. Mas é assim: para cada Mozart, sempre existirá um Salieri.
