Há dois mundos: o de Bolsonaro e seus seguidores, e um outro, onde eu vivo. No mundo bolsonarista, a covid “é para os fracos e covardes”, e o isolamento social é “conversinha mole”. No mundo em que eu vivo, já perdi vários amigos e conhecidos para essa doença terrível.
Nesse mundo bolsonarista, ninguém deve ficar em casa - a não ser, claro, os funcionários do INSS. Esses podem ficar em casa por meses a fio, maltratando quem mais precisa nessa hora, justamente os trabalhadores doentes, que precisam de uma perícia médica.
No mundo idealizado por Bolsonaro, 65 milhões de brasileiros receberam 1.000 dólares de auxílio emergencial. No mundo que eu habito, quem precisou do auxílio, quando conseguiu, não chegou nem perto desse valor.
No mundo de Bolsonaro, os preços dos alimentos não subirão, graças ao patriotismo dos donos dos supermercados. Onde eu vivo os donos de supermercados devem ser muito impatriotas, porque o preço, não só do arroz, mas de tudo, sobe todo dia.
Nos delírios de Bolsonaro, os investidores internacionais estão despejando bilhões de dólares em investimentos no país. No mundo que eu vivo o dólar disparou, e a Bolsa vem caindo, justamente pela fuga dos investidores estrangeiros.
No meu mundo, a Floresta Amazônica está sendo desmatada cada vez mais, por isso ela arde em chamas, assim como o Pantanal. No universo paralelo bolsonarista, a culpa é dos índios, dos colonos, das altas temperaturas.
No mundo que eu vivo, a Ciência diz que não há eficácia comprovada do uso da cloroquina para curar a covid. Bolsonaro e seus seguidores comprovam diariamente que o uso dela certamente afeta o cérebro, naquela parte que ajuda a raciocinar.