Meio milhão de mortos! E só ficamos sabendo disso porque os maiores veículos de imprensa do país se reuniram num consórcio e nos escancaram diariamente o real tamanho da tragédia. A depender do governo, saberíamos apenas o número de curados, como se isso fosse amenizar a dor de uma família que tivesse, sei lá, quatro infectados, e somente um deles morreu de covid. Terá essa família motivos para comemorar os três curados ou a dor será maior pelo que se foi?
Pois na cabeça doentia de Bolsonaro e seus asseclas, é o que todos devíamos fazer. Enfrentar o vírus de peito aberto, sem mimimi, nos infectar uns aos outros, numa política do cada um por si e o governo por ninguém. Para o gado, é melhor a imunidade de rebanho, oferecendo para isso um tratamento ineficaz com cloroquina. Essa política genocida um dia será levada ao Tribunal Penal Internacional, não se tenha a menor dúvida. Antes disso, nos livraremos dela na próxima eleição, pelo voto.
A inquietação nas ruas está aumentando. Os protestos contra Bolsonaro estão se tornando maiores e atraindo cada vez mais gente. Por enquanto, são apenas os ligados aos partidos de esquerda. Mas há um contingente enorme de pessoas de centro, que buscam uma terceira via, mas já mostram nas pesquisas que #EleNão. Na eleição do ano passado, isso já ficou demonstrado com a derrota dos candidatos apoiados por Bolsonaro nas principais prefeituras brasileiras.
Na eleição do ano que vem, terá ainda um outro componente: a economia. Para os tiozões das “motociatas” está bom, ao que parece. Mas para a imensa maioria vai de mal a pior, com os preços nas alturas. E percebam: só aqui em Tubarão essa semana três homens foram presos furtando carne em supermercados. Tenho 30 anos de jornalismo e nunca havia noticiado isso anteriormente. Como a situação tende a piorar, só acredita na reeleição de Bolsonaro quem é totalmente sem noção.