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A desigualdade escancarada pela pandemia

05/10/2020 07h58

Bolsonaro nunca negou: não entende nada de economia. Nós que pagamos a conta dessa ignorância não temos nenhuma dúvida quanto a isso. Sabemos bem o quanto dói no bolso o preço do arroz, do feijão e da carne, a cada ida ao supermercado, num país cujo governo não faz estoques reguladores. Esse é mais um efeito nefasto dessa pandemia: o aumento da desigualdade. É assim no mundo todo, pior ainda num país tão desigual como o nosso.

Bolsonaro mostra não saber nada quando disse que a culpa dos preços altos era dos comerciantes, que deveriam trocar o lucro pelo patriotismo. O ministro Paulo Guedes também tem seus rompantes de sinceridade. Em março, quando o dólar começava a sua disparada, afirmou que a moeda só chegaria a R$ 5 se fosse feita muita besteira. “É um câmbio que flutua. Se fizer muita coisa certa, ele pode descer”. Até a covid está baixando, menos o dólar.

O maior problema é que nas mãos desses dois homens está o comando da nona maior economia mundial – um país tão grande quanto desigual. E nos afeta diretamente no preço do pão nosso de cada dia. A pandemia nos deixou a todos mais pobres, mas vários estudos apontam que os ricos ficaram mais ricos. Sabe-se que cerca de 1% da população mundial detém quase 50% da riqueza produzida no planeta. Os outros 99% dividem a outra metade.

Essa desigualdade prejudica inclusive os mais ricos, se for levada em conta a violência, por exemplo. Em países mais desiguais como o nosso, é imprescindível a intervenção do Estado na economia, para evitar a concentração de riqueza nas mãos da minoria. Justamente o contrário do Estado mínimo pregado pelo ministro da Economia, que ironicamente se viu forçado pela pandemia a promover uma ampla distribuição de renda, com o auxílio emergencial.

O que é grave é que o ministro, famoso por suas maldades (como a ideia de cortar quatro meses de salário na pandemia, ou dar só R$ 200 de auxílio), sempre tentou trazer de volta a CPMF, seja qual nome tiver, o que lhe rendeu o apelido de Imposto Ipiranga. Ao invés de taxar os mais ricos, vai jogar a conta nos ombros da classe média, mais uma vez. O erro fica evidente quando se compara os números, disponíveis no Google a qualquer interessado.

A fortuna dos 73 bilionários da América Latina e do Caribe aumentou 48 bilhões de dólares, na pandemia, enquanto 40 milhões de pessoas perderam seus empregos e 52 milhões entrarão na faixa de pobreza. As 32 empresas mais rentáveis do mundo lucraram a mais R$ 577 bilhões durante a pandemia de covid do que a média obtida nos quatro anos anteriores. Está claro que novos impostos deveriam ser cobrados do topo da pirâmide, de quem lucra, e não da base.



LÚCIO FLÁVIO
Lúcio Flávio de Oliveira
Diretor de Redação do Sul Agora. Lúcio Flávio de Oliveira é formado em Comunicação Social (Jornalismo) e Direito pela Unisul e tem MBA em Gestão Empresarial pela FGV. E-mail: flavio.ds@outlook.com
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