A criança birrenta que queria sentar na cadeira que, por direito, era de outra pessoa, foi o assunto do Brasil na semana passada. Não me refiro a Bolsonaro, que queria porque queria sentar na cadeira de Lula na marra. Mas àquela outra situação, que, pelo interesse que despertou, é muito mais importante do que a tentativa de golpe ou a manutenção da democracia. Isso tudo é bobagem. Refiro-me, claro, à discussão no avião que catapultou à fama a moça que, tal como Lula, fez valer seu direito ao assento.
O PIB está crescendo? Isso é besteira. O desemprego caminha para o menor nível da história? É outra bobagem. Nem devemos falar disso, para quê? Pra ser taxado de comunista? Há um aumento da renda, mas o que vale é mandar memes para os amigos que votaram no Lula falando do preço da picanha. A economia só não está melhor por causa dos juros de agiotagem que o Banco Central nos impõe. Mas o mercado, esse que não produz um prego sequer, diz que a economia vai mal. Ah, bom.
Então, está certo. Vamos todos nos juntar a essas discussões diversionistas, para lacrar na internet e ganhar alguns seguidores. No final, é disso que o povo gosta, é isso que o povo quer. Se eu não fosse jornalista, e não fosse obrigado a falar dessas coisas chatas, como o estado democrático de direito, indicadores econômicos, essas coisas que não têm importância alguma na vida de todos nós, também estaria atrás de engajamento nas redes sociais. Seria mais um biscoteiro, com um celular em punho.
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