Como jamais disse o presidente Bolsonaro, mentira é a verdade que ainda não aconteceu, talkey? Mas tem gente exagerando: por exemplo, a turma que sustenta que o ex-secretário da Cultura Roberto Alvim foi vítima de uma armação da esquerda, que lhe impingiu um texto nazista, que ele desconhecia, só para derrubá-lo. A imaginação voa longe: o Ministério da Cultura passou nas mãos da esquerda desde os tempos de Fernando Henrique (que nas teses imaginárias é mais esquerdista que Mao Tsé-Tung) até a queda de Dilma. Deve ter sobrado gente por lá para engrupir o Roberto Alvim, né?
Mas vamos desenvolver o raciocínio: Alvim leu o texto que desconhecia, escolheu por acaso o tema melódico composto pelo músico favorito do alto comando nazista (bom músico, a propósito), fantasiou-se de Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler, e tocou o vídeo, ingenuamente, no ar.
Não é fazer pouco da inteligência de Alvim imaginar esses fatos todos?
Aí, para se vingar, esquerdistas divulgaram texto de Abraham Weintraub, o ministro da Educação, em que ele copiava trecho do próprio Adolf Hitler. Onde Hitler falava em “judeus”, Weintraub falava em “comunistas”. Só que a notícia era falsa. Weintraub fez mesmo o tal discurso (aliás, fraquíssimo). Mas os sites especializados em comprovar ou desmentir notícias fizeram as pesquisas e descobriram que Hitler não falou nem escreveu a bobageira toda.
Weintraub tem defeitos à vontade. É desnecessário inventar mais um.
De Moro a Moro
O Brasil descobriu a fórmula para ser bem ouvido no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça: deixou em casa o capitão do time. Quem de fato liderou a delegação brasileira foi o ministro da Economia, Paulo Guedes, bem ouvido pelas demais delegações. Guedes seguiu a linha de Bolsonaro, embora medindo as palavras (“a pobreza é grande causa dos danos ao meio-ambiente”) e mostrando-se otimista: a seu ver, o Brasil pode elevar o Produto Interno Bruto, PIB, neste ano, em 2,5%. Supera as previsões anteriores, de think tanks brasileiros e estrangeiros, que oscilam em volta de 2%. Guedes disse que, resolvendo problemas que sangravam o Brasil, houve condições para baixar juros e atrair investimentos para grandes privatizações.
Houve quem contestasse a tese de que a pobreza prejudica o meio ambiente, mas sem briga: tudo ficou no debate normal, sem polarização. E é mesmo preciso que o Brasil se coloque bem no cenário: normalizando-se as relações entre EUA e China, as exportações brasileiras podem pagar a conta. Guedes fez questão de mostrar que o Brasil está “fazendo a lição de casa”, o que inclui a continuidade das reformas, que teria amplo apoio do Congresso.