Estudo, transformado em livro e divulgado nesta quinta-feira, compila análises de cerca de 60 pesquisadores
O Brasil tinha os mecanismos necessários para lidar de maneira exemplar com a pandemia, mas as escolhas do presidente Jair Bolsonaro transformaram o combate à covid em um fracasso mundial. Essa é a conclusão de um longo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O estudo, transformado em livro e divulgado nesta quinta-feira (22), compila análises de cerca de 60 pesquisadores sobre as políticas públicas de controle da pandemia adotadas por 30 países de todos os continentes. Os resultados mostram que países que performaram melhor durante o período analisado seguiram as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e aliaram medidas de saúde a políticas sociais.
Os autores ressaltam no estudo que o Brasil era classificado como o país da América Latina mais preparado para lidar com emergências de saúde pública, segundo o sistema Global Health Security Index. Também contava com um sistema de vigilância em saúde bem desenvolvido e tinha um bom histórico com epidemia porque respondeu bem às emergências da Aids, da hepatite C e da influenza (H1N1).
A pesquisa mostra a forma com que Bolsonaro usou todos os poderes constitucionais para fazer valer a sua agenda, minimizar a pandemia e boicotar ações de estados. E lembra que o presidente iniciou, em abril do ano passado, uma "campanha agressiva" em apoio ao uso da cloroquina, remédio ineficaz para a covid.
Essa posição acabou derrubando dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, e colocando o general Eduardo Pazuello no cargo. O texto aponta que Pazuello trocou técnicos por militares em cargos gerenciais importantes no Ministério da Saúde, "decisão duramente criticada pela comunidade da saúde pública".